segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Cobrar é pouco, saúde não é mercadoria

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) cobrará dos planos de saúde os procedimentos médicos de alta complexidade, como a quiomioterapia feita no tratamento de quem sofre câncer, que seus usuários realizem através do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, só internações na rede púiblica são passíveis de ressarcimento por parte do cartel dos planos.

À primeira vista, a medida mereceria elogios. Afinal de contas, quem paga pelos caríssimos planos de saúde espera ser atendidos por estes. Mas só à primeira vista... Afinal de contas, os planos de saúde não deveriam existir! Saúde não é mercadoria, e a ausência desta (enfermidades) deve ser responsabilidade do Estado - que não deve ver a população como "clientela" de outra "empresa" a quem deve cobrar ressarcimento.

Por outro lado, se quisesse mesmo atacar os abusos dos planos, a primeira coisa a ser feita pelo governo seria acabar com a própria ANS, que por longos anos funcionou como sindicato dos empresários do setor a legislar em causa própria. Nessa longa lista caberiam ainda a obrigatoriedade de pagamento decente aos médicos por cada atendimento (fazendo com que algumas consultas não durassem poucos minutos, em prol da "produtividade" que no final das contas gera o ganha-pão decente), po fim das filas intermináveis para marcação dessas mesmas consultas, regras para a liberação de procedimentos (como cirurgias) que não funcionassem quase que como um atestado de óbito prévio, dada a má vontade dos planos em liberarem as solicitações médicas, etc.

Enfim, você que lê essas linhas não pode se enganar: é mercadoria não apenas para os planos de saúde, mas também para o Governo Federal...


Fonte: "A Semana no Olhar Comunista - 0009"

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