terça-feira, 30 de março de 2010

COMUNIDADES MAIS SEGURAS E VONTADE POLITICA

A cada dia que passa a instituição Defesa Civil ganha mais espaço na mídia, mas os que pertencem ao meio costumam dizer que a Defesa Civil que não aparece é a eficiente, porque realiza o trabalho preventivo com competência.
Depois de alguns anos prestando serviços junto a COMDEC – Comissão Municipal de Defesa Civil, participado de Seminários e cursos de capacitação, sinto-me na obrigação de concordar com a afirmação acima, porque o trabalho preventivo representa economia aos cofres públicos, pois prevenir é mais barato que reconstruir, vidas são poupadas e traumas evitados.
Mas infelizmente ainda existem muitos governantes que discordam desta forma de trabalho, preferem investir em outros setores e quando temos algum evento adverso colocam a culpa na natureza e recorre a outras esferas de governo busca de recursos.
A meu ver para construir comunidades mais seguras é necessário investimentos sim, mas também muita vontade política, sustentada por três pilares: planejamento, fiscalização e conscientização.

Planejamento – todo município necessita de um plano diretor e de um código de obras, para nortear as edificações, áreas residências, comerciais e mistas, áreas de proteção ambiental e assim por diante.
É de conhecimento de todos que a população de baixa renda costuma construir suas residências em áreas de risco margens de córregos, encostas, antigos depósitos de lixo etc., para eliminar este problema é preciso construir conjuntos habitacionais em áreas seguras com a infra-estrutura necessária.
As cidades estão mais impermeabilizadas (asfalto e concreto) as calhas dos córregos foram estranguladas por construções e muitos dos equipamentos de drenagem tornaram-se insuficientes.

Fiscalização – esta joga um papel importantíssimo no cumprimento da legislação vigente, pois de nada adianta as leis que não são aplicadas. Mas para isso os agentes fiscalizadores devem ter autoridade para o exercício de suas funções.
Os agentes de fiscalização são os olhos da municipalidade, e quando este se deparar com irregularidades tem que agir, independentemente de laços de amizade ou hierarquia profissional, afinal “todos são iguais perante a lei”.

Conscientização – orientar a comunidade sobre segurança e ações de Defesa Civil é o terceiro pilar desta edificação. A população deve ter consciência de seus direitos e também de seus deveres, manter a cidade limpa é um dever do estado e também dos cidadãos, lugar de lixo é no lixo não em margens de rios, ruas ou terrenos baldios.
Para isso dentro da estrutura da defesa Civil temos os Nudec’s – Núcleos de Defesa Civil.
Sua missão é envolver as comunidades situadas em áreas de risco no processo de reflexão sobre a realidade dos riscos, incentivando a construção de uma consciência coletiva da prevenção do meio ambiente local, sobre a ótica da minimização de riscos.

domingo, 28 de março de 2010

Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta

Clarice Lispector

Pesos e medidas diferentes

Pesos e medidas muito diferentes

Estamos vivendo um período de definições na área política, tem candidato a candidato de montão, em outubro teremos eleições, e teremos a missão de escolher nossos representantes, uma tarefa cada vez mais difícil, mas não impossível, sei que o descrédito com a classe política é enorme, mas não podemos nos deixar levar pelo festival pirotécnico de muitos candidatos, temos que ver a historia de cada um e pensar em escolher o melhor, não o menos ruim.
Aliás é uma situação estranha, pois se de um lado existe o descrédito, na outra ponta temos a esperança de dias melhores, mas infelizmente em muitos casos esta “esperança” tem logo após a posse dos eleitos. Mas existe uma camada da população cuja angustia com a classe política é permanente, são os servidores públicos.
A cada dia que passa mais gente tem planos de tornarem-se servidores públicos. A visão que muitos têm é que aprovados em um concurso passarão a viver profissionalmente em segurança, ótimos salários, e pouco trabalho.
No serviço publico existe muito a valorização pelo QI – quem indica, muitas vezes prevalece o apadrinhamento, muita perseguição, transferências, desvios de função, etc.
Quem se dá bem são os que podemos chamar de “folha de bananeira”, vivem ao sabor dos ventos, agradando a todos os que estão no poder. E por isso vive um verdadeiro conto de fadas.
Há setores que existe controle rigoroso de telefone, internet, uso de veículos e não é para uso pessoal e sim profissional, enquanto para outros tudo é permitido Orkut, MSN, telefones fixos e celulares e assim por diante. E eu pergunto por que?
Seria a cor dos olhos? Cabelos? Não sei! Só sei que é assim, muitos nadam de braçada enquanto outros mascam granito, muitos pra mandar e poucos pra obedecer, tem até estagiário cantando de galo.
Isso não é privilegio deste ou daquele setor de governo, falando em apadrinhamento até o contribuinte entra na dança, não é necessário que este seja amigo do rei, basta conhecer a tia do irmão da cunhada do primo do irmão de algum de seus súditos será resolvido antes do prazo previsto.
O relacionamento com o poder é muito complicado, por analogia podemos dizer que o governo é um polvo e muitas vezes seus tentáculos possuem vida própria.

sábado, 27 de março de 2010

VAI COMEÇAR A FESTA!


Sorria meu povo! Acabou o misere, chega de mascar granito,  segundo informações a partir desta semana, mais precisamente da próxima quinta feira grandes mudanças ocorrerão em nosso país e conseqüentemente em nosso município.





Coisas nunca vista na historia deste país estará a acontecer, como a valorização dos servidores públicos, principalmente os professores do estado de São Paulo, que terão suas reivindicações atendidas sem a necessidade de movimento grevista. O governador não mais provocará conflitos dentro da categoria, como acontece de vez em quando, policia e policia, policia e professores e assim por diante, afinal todos são pagos pelo mesmo patrão.





A melhor vem agora, os banqueiros estão dispostos a reduzirem seus lucros, e a taxa de juros a ser praticada será de 1,5% - um e meio por cento ao ano. Em troca os parlamentares se comprometem a terem apenas trinta dias de férias por ano, com redução das mordomias, como auxilio paletó, passagens aéreas, apartamento funcional e outros “direitos”.





Neste verdadeiro pacto de cidadania, em nossa cidade a principal mudança estará acontecendo no transporte coletivo urbano, a permissionária estará baixando o preço da tarifa, criando uma linha direta com os usuários, e comprometendo-se colocar seus veículos nos horários e rotas estabelecidos pelo setor competente da Prefeitura Municipal. Que beleza!!!





Mas não é só isso – quinta-feira é primeiro de ABRIL meu povo!!!

quarta-feira, 24 de março de 2010

Meu Sonho (Cecília Meireles)



Parei as águas do meu sonho

para teu rosto se mirar.
Mas só a sombra dos meus olhos
ficou por cima, a procurar...
Os pássaros da madrugada
não têm coragem de cantar,
vendo o meu sonho interminável
e a esperança do meu olhar.
Procurei-te em vão pela terra,
perto do céu, por sobre o mar.
Se não chegas nem pelo sonho,
por que insisto em te imaginar?
Quando vierem fechar meus olhos,
talvez não se deixem fechar.
Talvez pensem que o tempo volta,
e que vens, se o tempo voltar.


terça-feira, 23 de março de 2010

Embalos de Sábado a Noite

Noite de sábado céu salpicado de estrelas, muito calor e a população jovem da cidade da inicio a um movimento frenético rumo ao centro da cidade, simultaneamente tem inicio a angustia de um grupo de soldados do Batalhão de Infantaria. Os meninos pagavam o castigo referente ao exercício de educação física da quinta feira de manhã.

Conversa fiada, chororô, e planos mirabolantes e surge um maluco com uma idéia mais maluca ainda:

- vamos pro baile?!

O papo esquenta e aparece a divisão do grupo, uns sim outros não e alguns no muro, até que entra em cena Chocolate – sempre ele, que também poderia ser chamado de melancia, pois era militante do partido comunista e propõe uma assembléia, que de nada adianta, a cisão continuou. Por este motivo um bando partiu para o “Som das Estrelas”, local preferido da juventude afro-descendente local, mais freqüentado por todas as raças e etnias, era onde rolava o melhor balanço das noites interioranas swing nota 1000.

Som, luzes, mulheres e muita bebida, uma tremenda festa, Piraju – atracado na cintura de negra Ângela, um mulherão, Carlão só pedia a Deus que o mundo não acabasse naquele momento e Chocolate com a quase doutora Elem, uma gata com quase um metro e oitenta de altura tipo Thais Araujo, a ordem do rei era sacudir o esqueleto, tomar todas e ser feliz. Mas de uma hora para outra começou a revoada dos “periquitos”, deixando o salão um chamando o outro.

Mas Chocolate não aceitou o convite dos colegas de farda e continuou dançando, mas notou a presença de um militar do seu lado, e resolveu observá-lo de baixo para cima, percebeu o brilho nos coturnos, uniforme engomado, a fivela do cinto era um sol brilhando ai vem a pior parte nos braços do cara as divisas indicavam primeiro sargento, era o Sargento Manelão, um dos caras mais linha dura que se tinha noticias.

Neste momento o crioulo vira a pala do boné para frente, faz continência e diz:

- boa noite sargento!

Na rua encontra os recrutas, que entram em forma sob comando do “cabinho” – como eles chamavam o comandante da guarda, que em seguida passa o comando para Manelão que comanda a ordem unida até o quartel. La ouviram muita besteira, mas eles estavam preparados para o pior, afinal vivíamos a ditadura militar que teve inicio em mil novecentos e sessenta e quatro.

Mas para a felicidade de todos e bem estar do Batalhão não teve cadeia ou coisa pior, o castigo limitou-se a mais alguns finais de semana de serviço e muita faxina, além é claro de muito falatório.

Chocolate que tinha grandes chances de sofrer maiores castigos chegou a dar baixa com diploma de honra ao mérito.

O diabo não estava vestindo verde oliva nesta noite.