sábado, 10 de novembro de 2012


GUARANI KAIOWÁ


Você me diz que é muita terra
E que não preciso de tanto chão
Que eu não produzo em escala
E que isso atrasa a nação
Que meu apego pela terra
É pura fetichização
E que outros lugares
Melhoraria minha situação
E me mostra gráficos
Imaginando a inauguração
E o gado, e os tratores, e as cifras
Na mais louca transação

E quando digo que não
Que eu não vejo assim
Gado, trator, cifra?
O que eu quero é aipim
Ver os meninos correndo soltos
Viver por mim
Estar junto dos meus mortos
E das coisas que me fazem assim
O rio primeiro em que me banhei
A mesma mata de antemão
Essa mesma terra aqui
Bem antes de ti, cidadão
Já era de todos
Porque não é nossa não
E isso você com sua “propriedade”
Não pode compreender
A função social da terra
É a função natural das coisas

E então suas leis e tribunais
Sua polícia e legislação
Dão o veredito final
Sobre milênios de incrustação
De um povo em sua terra
Que é sua própria identidade
Então esse povo decide
Se fazer uno com seriedade
E fundem sangue e terra
Num baile de irmandade
O índio vira terra
A terra vira índio
E o capitalismo segue impávido
Esse colosso bandido

DANIEL OLIVEIRA -29 OUT 2012
BELO HORIZONTE/MG - Militante PCB
http://coletivorosadopovo.blogspot.com.br/

quinta-feira, 8 de novembro de 2012



Sangue


Meu sangue é o sangue dos homens
Dos trabalhadores
Dos operários
Do proletariado

Meu sangue é o sangue dos explorados
Daqueles que nunca abaixam a cabeça
Dos que vivem cativos e espoliados
Dos honestos, dos revoltados

Meu sangue é o sangue que quer justiça
Dos que não aguentam a injustiça e a opressão
Dos seres de bem
De todos os do BEM

Meu sangue enche os rios
As matas
Os mares
As montanhas
As ruas
As lojas
As fábricas

Mas um dia será um turbilhão
Um tsunami de justiça
De igualdade
Da verdade
Um sangue
Só um sangue
O sangue dos homens
O sangue da terra.

Afonso Costa