O Vaticano tenta desestabilizar Cuba
A bordo do avião do Vaticano rumo ao México, o Papa Bento
XVI declarou que a ideologia marxista já não responde à realidade, deixando
claro o objetivo político de sua visita a Cuba: desestabilizar o regime
socialista cubano.
De fato, oficialmente o Vaticano insistiu que seria uma
“visita pastoral”, mas, mesmo assim, é evidente que não deixa de ser política,
pois a grande maioria dos opositores se declara católica.
O principal resultado que se espera é ideológico. Segundo a
própria Igreja católica, a visita do Papa transmitiu “ânimo e confiança”
justamente a quem, como Bento XVI, considera que o marxismo “não responde à
realidade”. Entre esses grupos se destacam dois de muita atividade e grande
propaganda nos meios de comunicação: os dissidentes radicados em Miami e as
“damas de branco”, um grupo composto especialmente por senhoras que possuem
fortes laços com os dissidentes e que, em sua maioria, fez parte da burguesia
cubana antes do triunfo da revolução.
De Miami, lugar de concentração da “gusanera”, chegaram à
ilha nada menos do que quinhentos deles. As damas de branco são outro grupo que
espera sair desta visita com mais brios para suas atividades.
Apesar de não se ter notícias de reuniões dos grupos
opositores com o Papa, é evidente que todos eles se sentiram reconfortados pela
simples presença papal, sem falar que entre os mais de cem acompanhantes do
“sumo pontífice” sempre houve quem lhes prestasse ouvidos e apoio.
A aceitação de Cuba a essa visita demonstra o ambiente de
liberdade em que se vive na ilha, mas implica o risco que significa a
influência política da religião, aspecto esse que os dirigentes da revolução
dizem não ser preocupante, pois o Papa encontrará um povo cubano solidamente ao
lado da revolução.
Outro aspecto importante para a Igreja católica é seu
fortalecimento no país, pois desde a abertura para o livre exercício religioso
o resultado é uma imensa quantidade de religiões, seitas, cultos e santidades,
muitas dessas ligadas a crenças pagãs. Se esse fortalecimento se concretiza, o
Vaticano espera ver sua igreja como interlocutora política ante o governo
cubano.
Desta nova “quebra de braço”, ambos os lados esperam sair
fortalecidos e debilitar o outro.
O Papa também esteve em terras mexicanas, onde o discurso
político perdeu sua importância, pois ali sim o neoliberalismo que se pratica
corresponde à realidade, fomentando o crime, a pobreza e a fome. Após passear
no papa-móvel, Joseph Ratzinger, nome real da máxima autoridade católica,
promoveu sua igreja no país de maior proporção de crentes católicos na América
e lhes deu ânimo para suportar os sofrimentos da pobreza e, dado que bandidos e
traficantes também se declaram católicos, seguramente também saíram
fortalecidos para seguir cometendo seus crimes no país onde atualmente a máfia
possui mais peso político e econômico.
Ratzinger, antes de ser elevado a “representante de Deus na
terra”, foi a cabeça da instância ideológica do Vaticano que lutou contra a
Teologia da Libertação e liderou a luta contra o marxismo.
Extraído do semanário En Marcha, do Partido Comunista
Marxista-Leninista do Equador.
Número 1.573, de 30 de março de 2012.
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