sexta-feira, 29 de abril de 2011

As origens e o início da organização sindical classista no Brasil

Parte IV

Entre 1918 a 1920 elas eclodiram no Rio de Janeiro, em São Paulo, Santos, Porto Alegre, Pernambuco, Bahia, etc., sempre reivindicando aumento de salários e melhores condições de trabalho. Nesse período verificou-se uma ampla campanha dos trabalhadores pelo estabelecimento da jornada de 8 horas de trabalho. Nesse movimento cabe ressaltar a greve sui generis dos operários da construção do então Distrito Federal (atual cidade do Rio de Janeiro). Estes, após trabalharem 8 horas, retiravam-se para casa. Assim, obtiveram vitória a sua causa, o que constituiu um passo importante para o posterior estabelecimento da jornada de 8 horas para todos os trabalhadores.

Esse período correspondeu ao auge do movimento anarquista, que era até então a liderança mais significativa do movimento operário brasileiro. Mas, ao mesmo tempo, o anarquismo mostrava os sérios limites que jamais conseguiu superar. Astrogildo Pereira, então militante anarquista e que posteriormente se tornou um dos mais importantes lideres comunistas assim se refere, às greves daquela época: “as grandes greves e agitações de massas do período de 1919/20 puseram a nu a incapacidade teórica, política e orgânica do anarquismo para resolver os problemas de direção de um movimento revolucionário de envergadura histórica, quando a situação objetiva do país (em conexão com a situação mundial criada pela guerra imperialista de 1914/18 e pela vitória da revolução operária e camponesa na Rússia) abrira perspectivas favoráveis à derrubada do poder feudal burguês dominante. A constatação desse fato, resultante de um processo espontâneo e a bem dizer instintivo de autocrítica, que se acentuou principalmente durante a segunda metade de 1921, sob a forma de acaloradas discussões nos sindicatos operários, levou diretamente a organização dos primeiros grupos comunistas, que se constituiriam como passo inicial para a fundação do Partido Comunista”. (Astrojildo Pereira, revista Problemas, nº 39, 1952.)

Nesse período, o Estado – em virtude de sua atuação parcial, por ocasião das lutas da classe operária, sempre em defesa das classes dominantes – apareceu, claramente, diante do proletariado tal qual é: uma instituição da classe dominante. O proletariado começou a compreender que não lhe bastava lutar somente por reivindicações econômicas. O problema da conquista do poder político surgia com força diante da classe operária. Os anarquistas não podiam dar solução a essa questão, de vez que queriam de imediato uma sociedade sem Estado, sem governo e sem leis, constituída por federações de trabalhadores. Pregavam utopicamente uma sociedade sem Estado e sem governo e não só eram incapazes de dar uma justa direção ao movimento operário como, o que é pior, desviavam a sua ação do curso histórico correto desse movimento. Acelerou-se então a queda vertical da influência anarco-sindicalista no movimento operário. O proletariado avançava na compreensão que precisa desatar lutas políticas e ideológicas, não se restringir às lutas de caráter econômico, constituir um partido político independente das demais classes e desenvolver uma política própria em relação às demais classes da sociedade e do Estado e preparar as condições para a conquista do poder pelos operários e camponeses.

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