quarta-feira, 27 de abril de 2011

As origens e o início da organização sindical classista no Brasil

Parte II

Junto com a maior ocorrência das greves nasceram também outras formas de organização: o Manifesto aos Proletários elaborado no II Congresso Socialista Brasileiro (1902), demonstra, ainda que timidamente, a influência das idéias de Marx e Engels:

A luta já demonstrava que a vitória só poderia ser alcançada se fosse vista como a luta da classe operária é uma só e não de categorias isoladas. aparecem então os sindicatos, e seu principal objetivos eram: melhoria salarial e redução da jornada de trabalho.

Em 1892, foi realizado o congresso nacional operário, mesmo sem a prevista organização nacional dos trabalhadores. A organização dos operários em âmbito nacional aconteceu no primeiro Congresso Operário Brasileiro (1906) que, contando com a participação de 43 delegados, formou a Confederação Operária Brasileira (COB), cuja luta era voltada para as reivindicações básicas, com intensa campanha de solidariedade as lutas operárias de outros países. Nesse período a luta era mais intensa em São Paulo e Rio de Janeiro e predominava as idéias do anarco-sindicalismo que se concentrava na luta dentro das fábricas, através da ação direta, mas negava a importância da luta política e a necessidade de se constituir um Partido da classe operária. Via nos sindicatos o modelo de organização para a sociedade anarquista.

A Confederação Operaria Brasileira foi organizada, efetivamente, em 1908, por 50 associações sindicais do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco, e de outros estados. A COB comandou lutas importantes. Entre elas, realizou grande agitação popular de ordem geral: organizou e dirigiu, em 1908, o movimento popular antimilitarista; a campanha contra o fuzilamento do líder anarquista espanhol Francisco Ferrer, chegando a realizar uma passeata da qual tomaram parte mais de 5 mil pessoas. Sob a influência dos anarquistas, a COB tinha uma estrutura frouxa e começou a fenecer, verificando-se sua inatividade até 1912.

No ano de 1912, por iniciativa da Federação Operária do Rio de Janeiro, organizou-se uma comissão reorganizadora da COB e convocado um congresso para esse fim. Ressurgiu novamente a COB e, com ela, a Voz do Trabalhador, seu órgão de imprensa, que chegou a alcançar uma tiragem de 4.000 exemplares. A COB desenvolveu então intenso trabalho entre os operários e entidades sindicais, destacando-se uma ampla campanha contra a carestia, com assembléias e comícios em todos estados e um grande ato e passeata no Rio de Janeiro, em 16 de março de 1913, com a participação de mais de 10 mil pessoas. E o comando da greve dos portuários de Santos, em 1912, e a luta contra a lei de expulsão dos grevistas. Essa lei previa a expulsão não como grevistas e revolucionários, mas como cafetões e ladrões, o que despertou grande indignação entre os operários. A COB enviou delegados à Espanha, Portugal e a Itália – países de onde provinha o grosso da imigração – para narrar aos trabalhadores daqueles países o que se passava no Brasil.

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