quinta-feira, 4 de agosto de 2011

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O acordo da dívida americana: o início do fim do Império?

A aprovação, pelo Senado dos Estados Unidos, do acordo entre democratas e republicanos para a elevação do “teto” da dívida norte-americana, acompanhada de um corte nos gastos do governo, foi comemorada em grande estilo nos salões do Capitólio (o Congresso dos EUA) e gerou declarações de alívio de lideranças políticas e empresariais por todo o mundo.

Conforme o acordo (que já havia aprovada pela Câmara), a dívida do país, de 14,3 trilhões de dólares, poderá elevar-se mais 2,1 trilhões, o que garante o pagamento das obrigações do Estado. O corte nos gastos será de 2,4 trilhões, em dez anos. Além disso, estão descartadas as propostas do governo federal de aumentar os impostos para as camadas de alta renda para custar novos programas sociais.

O “pacote” não foi bem recebido pela opinião pública estadunidense, como registrou o “New York Times”, em seu site. As bolsas de valores do país fecharam em queda, e as agências de risco internacionais, que avaliam a “confiabilidade” dos países para os investidores, mesmo mantendo a nota máxima (AAA) para os títulos do tesouro norte-americano, neste momento, levantaram a possibilidade de sua queda no futuro próximo.

A situação da economia americana é difícil – o país tem elevados índices de desemprego – e tende a se agravar com os cortes de gastos públicos, que atingirão, em cheio, programas sociais como o Medicare, além de muitas outras áreas, como a Defesa (responsável por grande parte do orçamento federal. A postura de Obama foi duramente criticada pelo economista Paulo Krugman, no “New York Times”. O analista afirma que Obama se rendeu às pressões dos republicanos mais conservadores, do grupo “Tea Party”.

Esta crise não será o fim dos Estados Unidos, que têm uma grande economia – ainda a maior do mundo, mesmo com a forte aproximação da China e a pequena distância para a União Européia –, grande poderio militar e muitas relações políticas, econômicas e culturais por todo o mundo, e nem será o fim do capitalismo. Mas a crise mostra a enorme fragilidade da economia estadunidense – hoje dependente de empréstimos externos, perdendo terreno no comércio mundial e incapaz de voltar crescer significativamente a diferença; revela o lado da vida nos EUA que não aparece nos filmes, a miséria, o abandono, a exclusão social crescente. E revela a fragilidade estrutural do sistema capitalista, que gera cada vez mais desigualdade e se mostra cada vez mais atrelado ao jogo financeiro, tornando países e populações inteiras reféns da especulação e dos ganhos dos grandes grupos econômicos.

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