Eu e o não eu
Escrito
por Semog
Eu nessa
minha parcimônia,
vestida
com escancarada elegância,
jamais
hei de ocultar tão evidentes,
a tribo,
o atabaque, o axé,
o orixá,
o ori, o ancestral.
Eu e a
minha carapinha cheia de bochicho,
minha
erva de guiné, minha aroeira,
meu
samba no pé e outras literaturas.
Eu nessa
parcimônia vestida com toda a vida
e seus
acontecimentos,
nem só
por um momento quero me perder dessa cor.
O não
eu, o outro. Tão fino, tão delicado,
chega a
me deixar tonto, encabulado,
com seu
vampirismo, seus diabos, suas taras...
Tão racional
e exótico nas cerimônias,
esse
outro, estranho outro,
faz
buracos no céu da Terra,
sente
prazer, se lambuza com as guerras,
pensa
que respirar é um estorvo,
prende
os gestos ao corpo, e berra, e berra, e berra.
Tudo por
falta de melanina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário